sábado, 30 de janeiro de 2010

Esperando...

E lá estava ele. Mais uma vez no campo de Batalha.

O Sangue ainda estava úmido em sua armadura e nas suas vestes da última batalha. Apoiava-se na espada. Estava cansado e suado. O cheiro de morte, sangue e vítimas ainda rondava o local.

Qualquer um ali enlouqueceria com tanta selvageria. Mas ele estava calmo e tranquilo. Apenas respirava profundamente.

Fora treinado para aquilo. Uma máquina.

Olhou a paisagem. uma grande planície. Grama para todos os lados e alguns pequenos arbustos, onde seus arqueiros estavam a postos escondidos.

Outros arqueiros estavam na formação de batalha com ele. Alguns guerreiros estavam em cavalos. Mas não ele. Ele gostava do solo.

No Horizonte ao norte as tropas inimigas se movimentavam. Um vento vindo do leste trouxe o cheiro de cerejas e cerejeiras. Ele respirou fundo esse cheiro que o encheu de esperança, de uma época que tudo era mais fácil e mais calmo.

Empunhou sua espada. e soltou sua capa que foi levada pelo vento caindo no chão a alguns metros dali. Logo recolida por um pária, um cavaleiriço que a guardaria.

As tropas se aproximavam. Ele passou a mão na grama ao se abaixar. A espada em seu punho. Fez uma última oração aos deuses. deuses? pareciam haver abençoa-lo de alguma forma.

Era ali o soldado vivo a mais tempo e com mais batalhas. Mas a cada batalha era como se parte de sua alma morresse e parte de seu coração fosse arrancado. E essa seria, quem sabe a última.

Se levantou, apoiou a espada no ombro e ficou a observar as tropas inimigas se movimentando e se aproximando, enquanto respirava aquele vento leste com cheiro de cerejas.

Esperando...